
Sobre
Quem somos?
O Laboratório em Rede de Humanidades Digitais (Larhud) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Digitalidades da Informação e do Conhecimento nas Humanidades, localizado na Coordenação de Ensino e Pesquisa em Informação para a Ciência e Tecnologia (COEPI).
Nosso objetivo inicial foi e é aquele de desenvolver novas ferramentas computacionais e novos métodos digitais, aplicados ao vasto campo das Humanidades, tendo a Ciência da Informação como elemento conectivo e fundamental para o que conhecemos como Humanidades Digitais.
Os arquivos e bibliotecas de outrora também passam por grandes transformações de natureza digital. Com efeito, a informação jamais foi tão identificada como o “elo” pelo qual o conhecimento científico mantém-se acessível e recuperável; ou mesmo como o “foco” primordial a se preservar enquanto recurso fundamental para a sociedade civil.
A produção de plataformas, ferramentas para raspagem de dados ou para seu respectivo processamento; assim como recursos expositivos e de visualização de dados e da informação são exemplos desses recursos que devem caminhar pela via da ciência aberta, dos dados abertos e do código aberto.
Fazemos parte de uma rede de pesquisadores, estudantes e demais colaboradores nacionais e internacionais que compreendem essa “transformação digital” pela qual passam a pesquisa aplicada e o desenvolvimento de métodos para a continuidade do estudo crítico nas Humanidades.
Por isso, acreditamos que o Larhud seja um espaço comunitário, um “local de construção de fatos, envolvendo homens, máquinas, experiências, papéis e estratégia” (HOCHMAN, 1994, p.215). Onde oferecemos suporte crítico e metodológico aos praticantes das Humanidades Digitais (HD), onde a gestão e aplicação de ideias, métodos e conhecimento relacionados ao universo digital atuam em um paradigma inovador de interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade.
Sobre as práticas do Larhud:
Nossas atividades sempre estiveram intimamente ligadas às pesquisas de membros do corpo técnico e científico ou a projetos cujos integrantes pareciam mais se identificar.
E é dessa forma, que marcamos aqui um primeiro ponto do nosso “horizonte” metodológico que se apresenta pelo emprego da ideia de Thinkering. Conceito que soma o termo thinking com tinkering apresentado por John Seely Brown (2007) e bem sintetizado por Paola Antonelli (2011) como uma nova forma de montar algo, de mexer em algo — de maneira interessada e curiosa — produtivamente:
experimentando, testando, repetindo e ajustando, e tudo isso enquanto desfruta com muitos espíritos semelhantes e se envolve com o mundo em uma colaboração aberta e construtiva com colegas e outros especialistas. Em outras palavras, no modo open-source. (ANTONELLI, 2011).
O termo tinkering é comumente associado ao conceito maker — aquele que emprega a ideia do DIY, do it yourself, ou “faça você mesmo” — e tem sido recorrente em atividades de pesquisa e projetos de educação na área STEAM — Ciência (Science), Tecnologia (Technology), Engenharia (Engineering) e Matemática (Math), apesar de ser ainda incomuns nas Humanidades. Com efeito, o “processo de ‘fazer’ materiais experimentais, em termos de sua capacidade em engendrar novas ideias para a pesquisa, é particularmente incomum nas ciências sociais”. (FRANCIS; HAINES; BRIAZU, 2017, p. 108).
Somente com o advento da virada computacional (BERRY, 2011) ou digital (EVANS; REES, 2012, p. 34) nas Humanidades que a perspectiva de se pensar uma metodologia de tinkering se torna mais tangível. Mais ainda, é justamente por discutir tal processo de dentro das Humanidades que essa cultura maker não pode dissociar-se do pensamento humanístico, crítico. Principalmente se cogitamos a condição atual de um mundo onde a informação e o conhecimento se apresentam cada vez mais hiperconectados. A junção, portanto, da ideia de thinking nos apresenta à dimensão reflexiva, crítica, sobre o fazer, sobre a prática produtiva e materializadora presente no tinkering.
Para Andreas Fickers e Tim Van der Heijden, conclui-se o thinkering como uma espécie de “experimentação lúdica com ferramentas e tecnologias digitais (…) permitindo uma colaboração prática (…) construtiva tanto para a formação como para a transformação de zonas de trocas interdisciplinares” (FICKERS; HEIJDEN, 2020, p. 2). Ou seja, “uma hermenêutica digital e pragmática” (FICKERS; HEIJDEN, 2020, p.3) que tem seu lugar nessa dita “zona de trocas interdisciplinar”.
Este é o nosso laboratório de Humanidades Digitais. Bem vindo!
ANTONELLI, Paola. States of design 03: Thinkering. Domus, 948. 2011. Disponível em http://www.domusweb.it/en/design/2011/07/04/states-of-design-03-thinkering.html. Acesso em 07 set. 2021.
BERRY, David M. The computational turn: Thinking about the digital humanities. Culture machine, v. 12, 2011. Disponível em http://svr91.edns1.com/~culturem/index.php/cm/article/download/440/470. Acesso 05 set. 2021.
EVANS, Leighton. REES, Sian. An Interpretation of Digital Humanities In: BERRY, David M. (Ed.) Understanding Digital Humanities. London: Palgrave Macmillan, 2012.
FICKERS, Andreas; HEIJDEN, Tim van der. Inside the Trading Zone: Thinkering in a Digital History Lab. DHQ: Digital Humanities Quarterly, v. 14, n. 3, 2020. Disponível em http://www.digitalhumanities.org/dhq/vol/14/3/000472/000472.html. Acesso em 07 set. 2021.
FRANCIS, Kathryn B.; HAINES, Agi; BRIAZU, Raluca A. Thinkering through Experiments: Nurturing Transdisciplinary Approaches to the Design of Testing Tools. Avant. The Journal of the Philosophical-Interdisciplinary Vanguard, v. 8, 2017. Disponível em: http://cejsh.icm.edu.pl/cejsh/element/bwmeta1.element.ojs-issn-2082-6710-year-2017-volume-8-article-99. Acesso em: 7 set. 2021.
HOCHMAN, Gilberto. A ciência entre a comunidade e o mercado: leituras de Kuhn, Bourdieu, Latour e Knorr-Cetina In: PORTOCARRERO, V. (org.) Filosofia, história e sociologia das ciências I: abordagens contemporâneas [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1994. Disponível em: http://books.scielo.org. Acesso em 09 set 2021.